Especialistas da Capital Economics avaliam que as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dificilmente conseguirão reverter a desaceleração do setor manufatureiro americano. Na prática, isso significa que os esforços da Casa Branca podem ter sido em vão — o tempo dirá.

Segundo a consultoria, a postura agressiva do governo norte-americano em sua agenda comercial pode até trazer de volta alguns empregos industriais, mas em escala bastante limitada.

Trump, por sua vez, segue confiante de que suas medidas — especialmente as tarifas elevadas sobre parceiros comerciais — irão estimular o crescimento do emprego no setor manufatureiro nacional. No entanto, os analistas lembram que três administrações anteriores já tentaram estratégias semelhantes sem sucesso, e afirmam que essa nova tentativa, baseada na imposição de tarifas, também tem poucas chances de êxito.

Alguns segmentos específicos, como as indústrias automotiva e farmacêutica, até podem se beneficiar das tarifas e se mostrar mais viáveis para a chamada “relocalização industrial”. No entanto, esses setores não competem diretamente com países de produção ultrabarata, o que limita o impacto positivo esperado, segundo a Capital Economics.

Além disso, boa parte das importações farmacêuticas provém de filiais de empresas americanas sediadas em países como Irlanda, Suíça e Holanda — situação semelhante à que ocorre com os automóveis. Isso implica que repatriar essa produção para o território americano enfrentaria obstáculos logísticos e operacionais, alertam os analistas.

Outro fator-chave é a própria política tributária dos EUA: os impostos seguem elevados, ao contrário de outros países que oferecem custos de produção mais baixos e mão de obra mais barata. Nesses termos, os empresários não têm incentivos suficientes para instalar fábricas em solo americano.

Em conclusão, os especialistas afirmam que as tarifas de Trump podem, sim, resultar em algum retorno de empregos industriais, mas o movimento será pontual e insuficiente para restaurar os níveis de emprego fabril observados na década de 1970.